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sábado, 29 de maio de 2010

LABORATÓRIO TEATRAL - Isto é Nescessário? O Início!



Este trabalho parte de um estudo de caso para estabelecer alguns aspectos que norteiam a realização de Laboratórios Experimentais em Teatro. Com base na experiência do Laboratório Experimental A interpretação melodramática nos circos-teatros (UFU/ Uberlândia/MG, 2003.1), disseca analiticamente as etapas deste procedimento metodológico, ressaltando sua importância como ferramenta de investigação da cena e como elemento propulsor de experiências pedagógicas no campo teatral.


Os laboratórios experimentais se configuram como recurso metodológico fundamental nas pesquisas que vêm sendo realizadas no âmbito do Grupo de estudos sobre o teatro cômico.1 Sua premissa é de que parte da investigação teatral, centrada em perspectivas teóricas, se dá por meio de exercícios práticos, de cena ou de formação. No entanto – e esse dado é imprescindível para a compreensão do lugar que tais propostas ocupam –, trata-se de experimentação laboratorial que propõe uma investigação específica, norteada por minucioso planejamento e que não resulta, necessariamente, em montagem ou exercício público.

Não se trata de negar o papel da recepção no exercício da cena, aspecto que em vários momentos torna-se fundamental também para as análises engendradas no laboratório, mas, sim, fazer com que elementos externos à investigação e inerentes a uma peça não desviem o olhar do pesquisador. Por exemplo, detalhes como cenário, figurino ou música, devem ser pensados no caso de ter relação direta com a investigação. Pode-se citar a experiência do Laboratório Experimental A interpretação melodramática nos circos-teatros, (UFU/ Uberlândia/MG, 2003.1),2em que se pretendiam resgatar aspectos que colaborassem no modo de interpretar presentes no circos-teatros brasileiros, nas décadas de 1970 e 1980. Durante todo o processo foi delimitada a área de representação, com base na dimensão fornecida por Vargas (1981: p. 102), de aproximadamente quatro por sete metros. Operou-se aí uma escolha. A confecção de telões, além de extremamente trabalhosa, pouco colaboraria com o eixo da investigação. A visualização por parte dos atores mediante fotografias caracterizava-se como medida suficiente para a compreensão do espaço cênico em questão. No entanto, a delimitação da área de atuação seguiu as dimensões médias de um palco circense-teatral sugeridas por Vargas (1981), fazendo com que deslocamentos, eixos de relação entre personagens e ambientações, se circunscrevessem naquele retângulo.

1 – O plano de trabalho

Tais escolhas se dão em momento-chave da realização dos laboratórios: o planejamento. Para que os objetivos sejam alcançados, essa etapa é de importância igual à da própria realização dos laboratórios. Uma obra artística pode não requerer, em princípio, um planejamento minucioso. O fazer teatral se dá, muitas vezes, no próprio trabalho, e muitos diretores constroem seus espetáculos em processo empírico, nos próprios ensaios. Luiz Arthur Nunes (2000) diz que seu projeto de pesquisa, diretamente ligado a sua produção teatral, traz como elemento diferenciador de seu percurso anterior o exercício de registro do trabalho, por meio de relatórios e textos reflexivos. O encenador considera ainda que haja certo ajuste necessário nesse processo de navegação, entre a criação e a reflexão, e que o diretor/pesquisador deve estar atento para qual dos lados da corda pode afrouxar ou apertar.

Esclarecendo que não se trata de um movimento de valoração, pois a montagem teatral é, evidentemente, espaço precioso de investigação cênica, aflora aí uma divergência estrutural em relação aos laboratórios. A não-obrigação de resultado em montagem faz com que a pesquisa da cena possa abdicar de aspectos relacionados ao mercado. A peça teatral, mesmo quando objeto de pesquisa, demanda articulações como divulgação, busca de público, exposição à crítica – dados que podem muitas vezes acarretar desvios no percurso previamente traçado.

O primeiro aspecto norteador da elaboração do plano é a questão primordial do trabalho. O que se pretende investigar? Por que a prática cênica é fundamental para essa pesquisa? Tais perguntas orientam a seleção das fontes que permitem a organização dos exercícios. Exemplificando com a experiência do laboratório já citado, a questão-chave que o norteou foi a investigação da potencialidade de utilização séria, do melodrama, na cena atual. De acordo com o Projeto,

O objetivo de nosso trabalho é [...], por meio de tais laboratórios, confrontar essas duas formas de abordagem do melodrama, partindo da hipótese de que, com base num modo de interpretar que traz em si elementos de uma tradição, é possível instaurar momentos tanto de dramaticidade quanto de comicidade (Proposta do Laboratório Experimental Interpretação melodramática no circos-teatros brasileiros, UFU/ UNIRIO, 2003).

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